*Rangel Alves da Costa
Tenho
diante mim um retrato do sertão de agora: seco, esturricado, no barro no povo,
no barro do tanque, no barro de tudo. Um sertão triste pela secura do sol, pelo
mato devastado, pela solidão dos campos e os entristecimentos dos xiquexiques,
mandacarus e facheiros. Retrato tirado por mim nas caminhadas que sempre faço
por aquelas estradas e veredas, no meio do mato e diante do desalento. No
retrato, um curral chiqueirado de tempo, latas e baldes esquecidos nas pontas
de paus. Tudo tão antigo e enferrujado como os ocres de um outono qualquer.
Porta e janela fechadas, sempre a porta e a janela fechadas. À frente, ainda as
três cadeiras de antigos proseados. Sinhá Filó aí fazia sua renda de bilro,
Titoca colocava dedal para remendar roupa velha. E a outra cadeira? Ora,
guardada à espera do visitante e sua notícia boa. Mas ninguém nela jamais
sentou...
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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