*Rangel Alves da Costa
Avisto magras vaquinhas pastando em campos
abertos, desérticos, ressequidos de grama e de água. Avisto jumentos e pangarés
ossudos, esqueléticos, zanzando de canto a outro em busca de qualquer lama e
qualquer alimento. Avisto passarinhos voando apressados em busca de pés de paus
e galhagens secas para descansar do calor e do sol. Avisto paisagens secas,
carcomidas e feias, cinzentas e mortas, definhando cada vez mais. E avisto
quando o homem, angustiado e entristecido, caminha no meio desse tempo sem sombras.
Não há sombra de mato, de pé de pau, de tufo, de nada. A seca veio e dizimou
toda folha e toda folhagem. A estiagem veio e impôs às paisagens o aspecto mais
triste da desolação. E eu, já com sede e cansado, tenho que apenas seguir
adiante, ou rapidamente voltar. Não há tanque com água nem umbuzeiro com
sombra. Não posso sequer deitar debaixo do sombreado e sonhar com a chuva
chegando. Apenas o sol e sua sombra de todo dia. Mas já quando a noite cai.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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