*Rangel Alves da Costa
Vieram-me
agora lembranças das singelezas de outros tempos. E que tempo diferente desse
mundo desumanizado e feio de agora. Lembrança do café batido em pilão, depois torrado
e preparado no fogão de lenha. O caldo negro descendo sobre a xícara e o aroma
bom esparramado por todo ligar. Lembrança dos cafunés de minha avó e das
palavras carinhosas de meu avô. Minha avó minha deitar no seu colo e depois
começava a chamegar sobre minha cabeça, passeando com suas velhas mãos entre os
fios de meus cabelos. E cantava história de príncipes, reinados e seres
encantados. Cada causo mais bonito que o o0utro, mas que eu nunca escutava até
o fim, pois adormecia contente e ainda sujo dos pés à cabeça. Meu avô pinicava
fumo e falava sobre sertão, sobre bicho, sobre tudo. Queria que eu jamais me
desapartasse da terra, certamente. Jamais me esqueci de suas lições, mas também
não pude lá permanecer por muito tempo. Do menino do mato a rapaz de cidade.
Mas hoje, toda vez que retorno ao meu sertão, ainda sinto o cheiro do café
torrado e derramado na xícara, sinto as mãos de minha avó fazendo cafuné e ouço
meu avô dizendo: filho meu, mundo sertão é o meu e o seu, filho meu...
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário