*Rangel Alves da
Costa
Tudo que
vem à mente humana possui uma face, uma feição, uma imagem pronta que lhe dê
reconhecimento. Desse modo, se em tudo há uma fisionomia que se expressa no
pensamento, então urge indagar: Como sentir e visualizar aquilo que se sabe
existente, porém com sua face ainda envolta em mistérios?
Por
consequência, surge a pergunta mais importante e sobre a qual tentaremos
refletir: Qual a face do Pai, do Filho e do Espírito Santo? Por outras
palavras, como surge na mente as imagens da Santíssima Trindade: Deus, Jesus
Cristo e Força Vital? Tem-se o Espírito Santo também o amor do Pai e do Filho
intercedendo no homem?
E urge
indagar também: Serão verdadeiras, ou aproximadas, aquelas feições
continuamente retratadas em imagens e esculturas? Por que, em tais imagens, o
Pai é mostrado com a feição do Filho, e vice-versa? Por que se concebeu e
disseminou a imagem divina com aquela conhecida feição?
Em
primeiro lugar, qualquer que seja a face, sacra ou de pessoa comum, sempre será
possível ser avistada de modo diferente de como está retratada. Os olhos captam
a imagem, a mente a transforma naquilo que quer enxergar, e o coração dá o
retoque final. Daí que muitas vezes a percepção do coração é muito diferente
daquilo que foi exposto.
Desse
modo, mesmo que se diga da impossibilidade de se falar numa imagem ou face de
Deus, eis que um doce mistério de luz, um semblante sempre envolto em brilho
indecifrável ao olho humano, ainda assim será possível enxergar sua feição.
Esta, a feição, representa aquilo imaginado e transformado em imagem pelo
pensamento, e não o conhecimento da face em si.
Por
consequência, mesmo sendo impossível captar a face de Deus, será sempre
possível retratá-lo com aquela feição que se espera que Ele tenha. Como
afirmado, tal processo foge ao olhar para ser revelado intimamente, pelo
espírito e pelo coração. Assim, a face de Deus será aquela desejada pelo
coração, desenhada no ânimo do espírito, tendo sempre por base a fé.
Sem fé não
haveria como fazer surgir a face de Deus no coração. É através da lealdade aos
ensinamentos divinos; da crença dos poderes divinos; da convicção de sua
existência e da certeza de sua onipotência, onipresença e onisciência, que o
ser humano se aproxima cada vez de sua face. Com a alma e o espírito tomados de
sua presença, então ele surgirá com a face que a pessoa deseje.
Com
relação a seu filho Nosso Senhor Jesus Cristo, a questão da face ganha outros
contornos. E isto porque se costumou representá-lo como um homem de meia idade,
moreno claro, rosto de contornos afinados, olhos azuis, cabelos compridos e
barba longa. Porém, estudos científicos com base na sua origem judaica,
apontaram que o mesmo seria de pele mais escurecida, de rosto mais cheio e
cabelos negros e encaracolados.
Os estudos
científicos, contudo, não dizem que Jesus Cristo deveria ser representado de
outro jeito, com outra face. Logicamente porque dificilmente as pessoas
aceitariam avistá-lo no quadro na parede ou pregado na cruz com outro
semblante. E é aí que novamente entra a questão da aceitação muito mais pelo
que se deseja do que pela possível realidade.
Contudo, a
aceitação da representação que é feita de Jesus Cristo nos moldes ocidentais,
não significa que muitas pessoas o tenham na mente e no coração com aquela
face. E não porque a fisionomia surge em cada um segundo sua propensão para
aceitar e devotar. Daí é que, muitas vezes, apenas a luz surge para
expressá-lo, uma força indescritível para mostrar sua presença, ou uma junção
de significados grandiosos para dizer que ali está Jesus Cristo.
Por sua
vez, com relação ao Espírito Santo, geralmente tem-se que é o próprio Pai e o
Filho em ação, ou seja, as forças divinas se exteriorizam através do Espírito
Santo. Seria o ânimo, a força, a ação do poder divino na consecução dos
objetivos cristãos. Ele é a emanação da força divina, o sopro que a tudo anima
e transforma.
Mas qual
seria a sua face, a face do Espírito Santo? A face do Pai e do Filho, mas não
como feição, e sim como poderosa luz que se irradia sobre os homens. Talvez
ainda a feição observável em tudo que reconhecidamente há o poder da criação de
Deus. Muitos o representam como uma pomba, como água, fogo ou sopro. Mas não
deixa de ser a luz maior iluminando o espírito com os poderes do Pai e do
Filho.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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