SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Palavra Solta - noturnas noites


*Rangel Alves da Costa


Tenho tido noites verdadeiramente noturnas. Noites de breu, fechadas, retintas, escurecidas demais. Não há luz da lua que possa trazer outra cor. Não há música que possa mudar a feição. Não há nada que possa modificar essa terrível escuridão da noite. Minhas cores sumiram, meus sorrisos também. Já não tenho mais poesia nem encantamento com nada. Lufadas de vento, sopros distantes, asas que chegam rompendo os espaços até chegar onde estou. E sempre trazendo a saudade, a relembrança, a nostalgia. E então a angústia, a aflição, o entristecimento, o lamento da alma, a dolorosa agonia. Retratos antigos, feições em molduras, álbuns revirados, baús espalhando o passado. Tudo de muito longe e de tão perto, da distância e do ontem. E na junção das tristezas, some a estrela, some a lua, some qualquer gesto de prazer ou de alegria. E junto a mim apenas a noite negra, feia, lastimosa demais para ser vivida e ainda se pensar em ser feliz amanhã. Nas esperanças os dias passam, chegam as tardes, chegam os pentes de tudo. E depois a noite. E nada mais vejo de luz.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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