*Rangel Alves da Costa
Tenho tido noites verdadeiramente noturnas.
Noites de breu, fechadas, retintas, escurecidas demais. Não há luz da lua que
possa trazer outra cor. Não há música que possa mudar a feição. Não há nada que
possa modificar essa terrível escuridão da noite. Minhas cores sumiram, meus
sorrisos também. Já não tenho mais poesia nem encantamento com nada. Lufadas de
vento, sopros distantes, asas que chegam rompendo os espaços até chegar onde
estou. E sempre trazendo a saudade, a relembrança, a nostalgia. E então a
angústia, a aflição, o entristecimento, o lamento da alma, a dolorosa agonia.
Retratos antigos, feições em molduras, álbuns revirados, baús espalhando o
passado. Tudo de muito longe e de tão perto, da distância e do ontem. E na
junção das tristezas, some a estrela, some a lua, some qualquer gesto de prazer
ou de alegria. E junto a mim apenas a noite negra, feia, lastimosa demais para
ser vivida e ainda se pensar em ser feliz amanhã. Nas esperanças os dias
passam, chegam as tardes, chegam os pentes de tudo. E depois a noite. E nada
mais vejo de luz.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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