*Rangel Alves da Costa
“SE É PRA CHORAR EU CHORO...” - Neste
aspecto, faço o mesmo que o cantado por Unha Pintada, Devinho Novaes e tantos
outros: “Se é pra chorar eu choro, mas choro sozinho embaixo do chuveiro.
Ninguém viu e nem vai ver o desespero, saiba que esse gosto eu nunca vou te
dar. Se é pra chorar eu choro, quem me vê na rua diz que eu sou de aço. Ninguém
sonha a metade do que eu passo, é questão de tempo eu sei que vai passar. Se é
pra chorar eu choro...”. Ou ainda como o saudoso e bom Raul Seixas: “Quando
quer chorar vai ao banheiro...”. Eu choro sim, e muito. A única diferença é que
não corro de onde estou para me esconder no banheiro. Também não silencio o
soluço nem uso lenços para fingir. Aonde chega a vontade de chorar, será aí que
eu serei rio e serei mar. Choro e choro muito em qualquer lugar. Deixo mares e
oceanos escorrerem em qualquer lugar. Abro as comportas dos meus olhos seja no
banheiro, no quarto da solidão, no meio da multidão, em qualquer lugar. Não
finjo tristezas, não nego aflições, não uso óculos de sol para esconder as
nuvens de chuva no olhar. Nada guardo ou represo dentro de mim que cause mais
dor que a dor da saudade, que causa mais aflição que a aflição de uma ausência,
que cause mais angústia que a angústia do abandono. Jamais me atormentarei por
que a lágrima clama por se derramar e eu, fingindo ser forte, simplesmente nego
meus sentimentos. Não. De jeito nenhum. Se é pra chorar eu choro...
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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