*Rangel Alves da Costa
É um mecanismo assustador. De um lado, a cultura, as tradições e os
valores de um povo, e do outro, de modo sempre voraz, a tentativa deliberada de
a tudo isso destruir. E o pior, destruir para impor valores sempre
depreciativos ao próprio povo que foi esbulhado de suas raízes, conceitos e
lições. Assim ocorre, por exemplo, no sertão. Ora, ao menos nos escritos
jornalísticos, a musicalidade sertaneja é lembrada pelo forró, pelo baião, pelo
xaxado. Mas tudo apenas disfarçando o que já não existe desde que a música de
raiz passou a ser negada pelo próprio sertanejo. Pouco ou quase nada se tem da
sanfona, do zabumba, do triângulo, do forró pé-de-serra. Agora é baile
destrambelhado, dança sem-vergonha, é festa com banda e bandalheira, com
cantores que surgem num instante e no outro já estão esquecidos. Agora é uma
musicalidade desavergonhada, com letras apelativas, de duplo sentido, ou sem
qualquer nexo. Mas que fazem o maior sucesso do mundo por que a mídia assim
impõe. Significa que a mídia, o modismo e o novo, sempre agem para romper e dar
fim ao que estava enraizado no povo. Depois de destruir os valores, então impõe
suas porcarias.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário