SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Palavra Solta - em Curralinho, os prazeres da vida


*Rangel Alves da Costa


Sim, há prazeres na vida. Um prazer imenso assim em sentar num batente de calçada com um povo bom, com um povo amigo, com o conterrâneo. Um prazer indescritível em reencontrar aquele que é do mesmo chão e da mesma raiz sertaneja, que está bem ali ao lado, mas que nossas pressas sempre negam o reencontro. Que prazer gostoso em prosear, em dialogar, em conviver com o povo de Curralinho, com o beiradeiro de Curralinho. Verdades que os arvoredos mais frondosos já partiram e que os velhos troncos já foram levados ao vento das existências, mas muito ainda ficou pelas calçadas altas e pelas ruas humanamente singelas de Curralinho. Antigamente, do alto das calçadas altas (construídas assim por causa das cheias frequentes do Velho Chico), as senhoras se assentavam nas suas cadeiras de balanço para avistar as tantas chegadas e partidas das grandes embarcações. Hoje só se avista saudades, memórias do rio e nostalgias doces e dolorosas daquele passado bom. Mas meu irmão ribeirinho, meu conterrâneo beiradeiro ainda está por lá. E o reencontro se dá assim, nas calçadas, nos batentes, nos proseados cativantes e cheios de alegria. Por isso que tanto amo esse povo, por isso que tanto amo Curralinho. Este Curralinho fincado nas beiras do São Francisco, no sertão sergipano de Poço Redondo, meu berço de nascimento.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

Nenhum comentário: