*Rangel Alves da Costa
Quero demais o meu querer tão pouco, que
muito pouco me faz tão feliz. Quero um tiquinho, um pouquinho assim, um quase
nada, um ramo de flor, uma esperança, um grão de amor. Todo o meu querer cabe
numa mão, preenche todo coração, transborda em paz e em devoção. Mas não quero
pouco, pois quero demais, mas o meu querer é de contentamento com o tão pouco
que eu possa alcançar. Ao invés do buquê, a flor me contenta, ao invés da terre
me basta o grão, ao invés da nuvem me basta o algodão, ao invés do mundo quero
um passo no chão. Ao invés da palavra quero o silêncio, ao invés da paixão
quero o amor e ao invés de amar demais quero apenas sentir. Não adianta o mar
se não tenho o barco, não adianta o barco se não tenho o porto, não adianta o
porto se não tenho o cais. Não adianta o pomar se não tenho a fruta, não
adianta a fruta se não tenho mel, não adianta a colmeia se não tenho o doce.
Não adianta muito, quero um pouquinho. Um pouco de água, um pouco de pão, uma
luz de lua e um pensamento. E colho e recolho o que me cabe ter e junto e
remendo o que me couber, para ser feliz e feliz viver. Não quero seu mundo,
apenas você. Não quero sua vida, apenas você. O que deseje me dar desse muito
em você.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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