*Rangel Alves da Costa
Certamente que há dias que a noite mais parece de lobos, de gatos no
telhado, de gritos e gemidos, de pavores e temores. Noites onde as saudades e
os tormentos tornam o ser humano verdadeiramente agonizante. Noites em claro,
aflitivas, angustiadas. Contudo, outras noites são de intensa e real poesia,
são de plangências e canções, são de coros angelicais pulsando na alma.
Benditas as noites assim. Noites que descem como véu singelo e afetuoso desde o
entardecer. Noites que se derramam em lua e flor, em afagos estrelados e
carícias espirituais. Noites docemente meditativas, reflexivas, onde os
pensamentos se contentam na brandura do que se quer recordar. Nada aflige, nada
faz agonizar, nada submete o ser às angústias da escuridão. E em tudo parecendo
haver um noturno para valsa e piano, uma sonata, um prelúdio. A chuva caindo
apenas acentua o sentimento, a lua bonita apenas emoldura uma boa recordação,
até mesmo os velhos e retratos e fotografias parecem sorrir ao invés de
angustiar. Sim, existem noites assim. Noites de silêncios e ternuras, de luas
no olhar, na face, bem dentro do coração.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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