*Rangel Alves da Costa
POÇO REDONDO DORME, ADORMECE, SONHA - Por
mais que os tempos estejam difíceis. Por mais que as violências atormentem e
tirem a paz e o sossego. Por mais que nas escuridões noturnas os mistérios
ainda persistam pelos escondidos. Por mais que os lobisomens humanos e os
fogos-corredores de carne e osso tentem se disfarçar de assombrações. Por mais
que as traições adulterinas se consumam em sem-vergonhices deslavadas. Por mais
que as febres e outras enfermidades queimem mais em meio ao cantar dos grilos.
Por mais que tudo assim aconteça depois da boca da noite e madrugada adentro,
Poço Redondo ainda dorme, adormece e sonha. Acaso desejem avistar tal
adormecimento, basta abrir a porta antes da primeira alva do dia. Entre a
madrugada e a aurora, a cidade ainda dorme e sonha, ainda está adormecida e
sonhando. E que belo instante de se avistar a cidade assim, no seu silencioso
leito e sonolenta igual à menina bela. E no meio da rua, na praça da devoção,
sinos que dobram silenciosos ante a divina voz no alto da Matriz a dizer:
Acorda filho, eu te protejo!
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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