*Rangel Alves da Costa
As redes sociais estão repletas de falsos
religiosos, de pérfidas religiosidades. São uns falsários da fé e da própria
religião, que apregoam aquilo que verdadeiramente não sentem, não praticam, não
comungam.
Ora, religiosidade é coisa séria, é ato de
profunda devoção e não mero objeto onde se tenta expor o que está de outra
forma dentro de si. Não é expondo uma devoção não sentida que a pessoa vai ser
acreditada pelos que a conhece.
Conceitualmente, a religiosidade reflete a
espiritualidade da pessoa através de suas crenças. Através da religiosidade o
ser humano abraça suas crenças, sua religião em si, sua fé e sua devoção.
É através da religiosidade que a pessoa compartilha
das crenças sagradas, dos ensinamentos advindos dos livros bíblicos ou outros
escritos, que introduz no seu comportamento as noções de pecado.
A religiosidade implica ainda na conduta, na
moral, na ética, nos costumes e nas tradições. Quem é verdadeiramente religioso
sempre procura se pautar pelas diretrizes básicas de sua religião. E cada
religião procura ensinar como as pessoas devem se conduzir nos seus atos de
vida.
Como observado, toda religiosidade possui
preceitos a serem seguidos. Não há religiosidade ao acaso nem de qualquer
jeito. Não há religiosidade por conveniência instantânea nem por brincadeira.
O que seria, então, a religiosidade que tanto
vem sendo usada e abusada nas redes sociais? Ora, simplesmente a religiosidade
como mera demonstração de uma devoção inexistente. Uma religiosidade de
fachada, de mentira, de falsidade.
A religiosidade tão espalhada nas redes
sociais é aquela da conveniência segundo o meio. A pessoa quer se passar como
virtuosa, respeitosa, decente, temente aos ensinamentos sagradas, então começa
a postar falsas simbologias.
A pessoa nunca vai a uma igreja, não sabe
sequer se benzer, e se mostra a mais religiosa do mundo. A pessoa nunca leu um
Salmo, não sabe o que é um Evangelho, nunca se ajoelhou em oração, mas de
repente se apresenta como a santidade em pessoa.
Se perguntados o que é uma missa, certamente
dirão apenas que é um padre falando para algumas velhas. Se indagados se sabem
alguma oração, certamente que dirão que não. Mas sabem a letra inteira das
baladas e cantam até em inglês.
O pior é que, muitas vezes, as pessoas que
avistam as postagens religiosas conhecem muito bem a rotina e os costumes
daqueles que fazem tais postagens. Sabem que não respeitam pais e mães, que não
possuem boa conduta pessoal, que sempre preferem as coisas mundanas da vida.
Logicamente que muitos se espantam com tamanha
religiosidade naqueles que só vivem de copo à mão, que só vivem curtindo
festanças, que viram noites e madrugadas em farras e outros prazeres. Mas que
de repente se mostram os mais religiosos do mundo.
Grande parte de suas postagens são com
santos, orações, escritos religiosos, tudo numa santidade sem fim. Mas
pessoalmente são adeptos mesmos é da falsidade, da intriga, da fofoca, da
discórdia, da inimizade.
Mas por que fazem assim? Certamente tentando
ludibriar os outros. Certamente querendo passar uma imagem de refazimento
pessoal e assim atrair aqueles que se encantam com tamanhas “virtudes”.
Contudo - e como se diz -, o mundo é pequeno
demais. E nas redes sociais todos se conhecem ou acabam se conhecendo. E toda a
santidade falsa acaba se revertendo na outra realidade sem escudo ou ocultação:
apenas o pecado.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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