*Rangel Alves da Costa
Caminhando pelo estradão, em meio ao calor e
à desolação, adentro num mundo de maior comoção: o sertão. Olho de canto a
outro, chamando na boca oração, pedindo aos céus um pouco de comiseração.
Mandacaru sem cor, tudo em esturricação, um bicho morto, um voo de gavião.
Abaixo o olhar e vejo uma ossada em branquidão. Uma vaca morta já sem podridão.
Levanto um osso com admiração. Na minha mão tenho um sertão. Ou será que não?
Mas ainda ouço um mugido, um berro, uma desvalia de dor e de aflição. Já não
existia mais, apenas a carcaça ao chão. Mas quando levantei senti a seca
torrando tição. Quando segurei na mão senti na secura da terra a devastação.
Então eu disse, é mesmo o sertão!
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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