*Rangel Alves da Costa
Revendo os
velhos álbuns de Poço Redondo, entre molduras e saudades tantas, eis que vou me
surpreendendo com situações, fatos e acontecimentos, que cativam ainda mais o
meu passo de historiador sertanejo.
Coisa mais
bela, mais docemente singela, saber que nas distâncias do tempo dois irmãos (um
homem e uma mulher) se apaixonaram por dois irmãos (um homem e uma mulher).
Assim
aconteceu com José Francisco do Nascimento (Zé de Julião) e sua irmã Maria
Madalena de Santana (Neném de Libel), ao se apaixonarem pelos irmãos Enedina
Saturnino e Liberato Saturnino de Santana (Seu Libel).
Assim, Zé
de Julião e Neném, irmãos e filhos de Seu Julião do Nascimento e Dona Constança
do Nascimento, dentre tantas sertanejas e sertanejos, tiveram seus corações
despertados bem dentro do mesmo seio familiar.
Coisa rara
de acontecer, mas aconteceu. Zé de Julião casou com Enedina, e sua irmã Neném
casou com Seu Libel. Assim, os irmãos Enedina e Libel casaram com outros dois
irmãos: Zé de Julião e Neném.
Sabido é que
depois de casados, Zé de Julião e Enedina adentraram no bando de Lampião, ele
com a alcunha de Cajazeira e ela continuando com o mesmo nome. Aliás, em toda a
história do cangaço, foi o único casal existente. Os demais eram apenas
conviventes ou companheiros.
Por força
do destino, a união entre Zé de Julião (Cajazeira) se desfez em 38 quando ela
morreu juntamente com mais dez cangaceiros na Chacina do Angico. Na fuga
desesperada, um tiro acertou-lhe a cabeça que destroçou os miolos.
Após o
fatídico episódio, e já saído das hostes cangaceiras, Zé de Julião passou a
conviver com uma cunhada, de nome Estela, irmã de Enedina e Seu Libel (além de
outros irmãos).
Não se
sabe se pela vontade de continuar na mesma linhagem de sua falecida esposa, mas
a verdade é que passou a conviver com Estela. Fato de aceitação familiar,
principalmente pela honradez que Zé de Julião carregava consigo.
Portanto,
a união familiar continuou e ainda hoje, principalmente com relação ao saudoso
casal Dona Neném e Seu Libel, é avistada em grande prole pelos filhos, netos,
bisnetos e tataranetos, que orgulhosamente se espalham pelas terras sertanejas
e mais distantes.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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