*Rangel Alves da Costa
A pedra só. Espera, espera, pra virar pó. A
pedra só, tão dura, tão impávida, tão insensível. Tudo assim, para depois ser
apenas pó. A pedra só. Só uma pedra, mas tão gigantesca que mais parece ser
dona do horizonte e de tudo ao redor. Mas depois vai virar pó. Na pedra, o pó
são os minúsculos grãos de sentimentos que sozinhos até choram, até sorriem,
até falam, até silenciam, até vivem normalmente. Mas quando o pó se junta ao
pó, e grão a grão vai formando algo maior e cheio de esnobês, então os
sentimentos juntados se perdem na dureza petrificada. E a pedra passa a esquecer
de todo o passado e a viver apenas para si mesma, com sua arrogância e soberba,
imaginando ser mais forte que tudo. Não pensa que o ferro enferruja, que a
ferrugem se dilui na maresia, e que com tudo assim também acontece. Até que um
dia uma leve ventania vai desfolhando tudo e o que era pedra em pó vai
novamente se transformando.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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