*Rangel Alves da Costa
Apenas com
algumas reformas, a casa de Dona Quininha e Seu Zé de Lola é uma das casas mais
antigas da Praça da Matriz, na cidade sertaneja de Nossa Senhora da Conceição
de Poço Redondo, no Sergipe. Casa que bem reflete parte da história do lugar,
sempre de portas abertas para a acolhida de amigos. Nas festanças de
antigamente, principalmente na Festa de Agosto, por estas portas entravam os
amigos da Serra Negra, com rede já armada esperando o Coronel João Maria de
Carvalho. Na janela grande abaixo da placa, logo depois do meio-dia, e Dona
Quininha estendia sua tábua de cocada branca. Não dava pra quem queria.
Enquanto isso, Zé de Lola caçoava com seus clientes no seu botequim, que era
pelos lados da atual pracinha do Banese e depois passou a ter como endereço
quase a esquina da Praça Eudócia com Prefeito João Rodrigues. Tanto vendia como
entornava uma pinguinha. Hoje a casa é monumento à saudade, à recordação. E
nela ainda vivendo a filha Neném, com toda sua solteirice e eterna mocidade.
Toda tarde, assim que o sol descamba um tiquinho, então ela puxa sua cadeira e
senta envolta em observâncias e recordações. Neném, aliás, muito conhecida na
história de Poço Redondo, pois no passado foi, ao mesmo tempo, secretária,
enfermeira e assistente do Dr. Jaime, um médico aracajuano que todo sábado
atendia à população sertaneja. Chegava no táxi de Freire e já encontrava Neném
esperando com a listagem daqueles que seriam atendidos naquele dia. Amanhã
mesmo ao entardecer, basta olhar na direção da velha casa que na sua calçada
logo avistará a amiga Neném. A idade? Deus me livre de perguntar!
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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