SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



sábado, 27 de janeiro de 2018

Palavra Solta - a casa de Dona Quininha e Seu Zé de Lola


*Rangel Alves da Costa


Apenas com algumas reformas, a casa de Dona Quininha e Seu Zé de Lola é uma das casas mais antigas da Praça da Matriz, na cidade sertaneja de Nossa Senhora da Conceição de Poço Redondo, no Sergipe. Casa que bem reflete parte da história do lugar, sempre de portas abertas para a acolhida de amigos. Nas festanças de antigamente, principalmente na Festa de Agosto, por estas portas entravam os amigos da Serra Negra, com rede já armada esperando o Coronel João Maria de Carvalho. Na janela grande abaixo da placa, logo depois do meio-dia, e Dona Quininha estendia sua tábua de cocada branca. Não dava pra quem queria. Enquanto isso, Zé de Lola caçoava com seus clientes no seu botequim, que era pelos lados da atual pracinha do Banese e depois passou a ter como endereço quase a esquina da Praça Eudócia com Prefeito João Rodrigues. Tanto vendia como entornava uma pinguinha. Hoje a casa é monumento à saudade, à recordação. E nela ainda vivendo a filha Neném, com toda sua solteirice e eterna mocidade. Toda tarde, assim que o sol descamba um tiquinho, então ela puxa sua cadeira e senta envolta em observâncias e recordações. Neném, aliás, muito conhecida na história de Poço Redondo, pois no passado foi, ao mesmo tempo, secretária, enfermeira e assistente do Dr. Jaime, um médico aracajuano que todo sábado atendia à população sertaneja. Chegava no táxi de Freire e já encontrava Neném esperando com a listagem daqueles que seriam atendidos naquele dia. Amanhã mesmo ao entardecer, basta olhar na direção da velha casa que na sua calçada logo avistará a amiga Neném. A idade? Deus me livre de perguntar!


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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