*Rangel Alves da Costa
Coitados dos urubus que avoejam pelos ares em
busca de qualquer apodrecimento para saciar sua estranha fome. Estes são
inocentes demais perante certas pessoas. Estes são como pássaros do paraíso
perto de determinados seres humanos. Aliás, muitas pessoas - e muitas mesmo -
são infinitamente piores que todas as aves carnicentas, agourentas, de
presságios ruins. Coitado do urubu, do gavião, do carcará, do abutre, da
rasga-mortalha. Coitado do bicho perto do humano. Pessoas existem que são mais
podres que as carniças tão desejadas pelos seus deploráveis instintos. Pessoas
existem que são mais destrutivas que os bicos afiados e sujos de sangue das
rapinas. Pessoas existem que são mil vezes mais agourentas que um milhão de
rasga-mortalhas. Vivemos rodeados de uma verdadeira selva. Já conhecemos os
lobos pelas ações violentas, pelos uivos que não escondem os ataques. Já
conhecemos as cobras pelas espreitam que sempre fazem e pelos botes que
traiçoeiramente dão. Mas nada igual aos urubus humanos, aos carnicentos
humanos, cujo olhar, voz e expressões, para outra coisa não servem senão
premeditar a maldade no outro, a caída do outro para que se refastelem de seus
restos. Para que? Nada. Apenas pela maldade. Desejam carniça nos outros, mas
acabam engolindo seus próprios vermes.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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