*Rangel Alves da Costa
Na verdade, não sou nem nunca fui escritor.
Sou, e isso sim, um escrevente, um rabiscador, um escrevinhador. Também nem
sempre sento perante o caderno com ideia pronta ou dizeres emoldurados. Como
faço agora, apenas pego o lápis sem ponta e começo a tropeçar pelas linhas.
Gosto quando chove enquanto escrevo por que minha letra é mais entristecida. Se
faz silêncio, então minha escrita sai quase sem voz. Se estou saudoso,
certamente meus rabiscos sairão de perto de mim e tomarão as distâncias. De vez
em quanto escrevo sobre a flor da noite e fico imaginando que a lua está num
jardim. Ou fico imaginando que os gatos no telhado são viúvas em sentinela se
noite adentro ainda estou dedilhando. Escrevo o momento. Nada mais que isso.
Dificilmente escrevo sobre amor. Seria muita ilusão, seria caminhar por uma
estrada sempre desconhecida e cheia de labirintos. Pouco conheço do amor para
qualquer frase que sintetize sua feição. De tristeza conheço mais. De solidão
também. Mas sobre nada disso me atrevo a escrever. Deixo apenas que minha
escrita diga o que eu estou sentindo.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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