Rangel Alves da Costa*
Nunca mais boca nem
beijo na boca. Nunca mais olhar apaixonado nem vontade de beijar na boca. Mas
não me esqueço de que nada igual ao beijo na boca. Também ninguém se esquece do
beijo na boca, principalmente no lábio da primeira namorada, do primeiro
namorado. Que sonho bom, verdadeira vertigem. Como é beijar, que gosto tempo, é
bom ou ruim, como fazer na aproximação do lábio ao outro lábio, fechar os olhos
ou não? Dizer alguma coisa antes de beijar, segurar na mão, no cabelo, abraçar
pela cintura, o que fazer e como fazer? Beijo ligeiro ou demorado, apenas
tocando levemente ou mais profundo e molhado? Fazer o que depois de beijar?
Receitas sem receitas, passos que jamais são observados. O querer é tanto que
vai cegando. Quando a boca chega à outra já está tudo escuridão, mas por dentro
um brilho intenso, profundo, encantador. E durante o beijo a magia. O instante
mágico impossível de ser traduzido. O ser que voa, viaja, baila no ar, extasia para
depois descer. E, ao chão, as pernas tremendo, o coração pulsando, uma
estranhíssima sensação de vitória. Através da boca, do desejo, do amor.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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