SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Palavra Solta: minha gente humilde


Rangel Alves da Costa*


Minha gente sertaneja é uma gente humilde. Hoje em dia tudo está muito diferente, com os modismos devastando os costumes e os comportamentos, mas ainda assim, principalmente entre os mais velhos, persistem modos enraizados desde muito. E a humildade desponta como uma das características avistáveis num povo respeitador, familiar e lutador. Coisa estranha, mas quanto mais empobrecido for o homem da terra mais humilde é o seu jeito de ser. Uma gente sem luxo, sem esnobês, sem duas caras, sem frescuras, como se diz por lá. Nele ainda se avista a palavra amiga, o proseado sincero, o compartilhamento, a amizade verdadeira. Ao chegar na casa de poucas dependências e pouco mobiliário, logo uma xícara de café, um pedaço de bolo, um tamborete para sentar. Quando vai almoçar, tudo faz para dividir o que tem, assim como um ovo, um pedaço de preá, tripa de porco, toucinho, seja o que dispuser para enganar a fome naquele dia. Sem o contato, é avistado silencioso, conversando com o tempo, no passo lento e com feição um tanto entristecida. Mas basta uma aproximação e o comprimento para que o sorriso se faça imenso e a pobreza dê lugar à grandeza da alma. Que alma boa, grande e humilde é a do sertanejo. E não será difícil encontrar um assim nas terras de onde vim.


Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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