Rangel Alves da
Costa*
Como já
afirmou um filósofo, não há vida que se sustente sem as bases elementares que
dignificam a sociedade. Ao perder seus alicerces de respeito, compartilhamento,
bondade e valorização do próximo, certamente tombará pelas suas próprias
invirtudes.
Como uma
Sodoma ou Gomorra, onde a perda da identidade moral teve a destruição pelo fogo
e enxofre como consequência, a sociedade atual caminha no mesmo sentido. Nela,
infelizmente, tem-se o desrespeito, a transgressão comportamental e a
pecaminosidade, como gestoras de sua total decadência.
Quando
falo em sociedade me reporto à família, a convívio, a relações, a
comportamentos. Por consequência, me volto também à relação entre pais e
filhos, a liberdades pessoais, a costumes, a namoros e relacionamentos. E me
assusto quando os vícios em drogas agora são vistos como modismos e não como
problemas que necessitam ser combatidos.
As
famílias parecem ter abandonado o caderno de primeiras lições. E um dos fatores
primordiais para a compreensão dos valores presentes na sociedade moderna está
no comportamento dos pais para com os filhos e destes para com seus pais e
relacionamentos. Como consequências, as anomalias amorosas e sexuais que também
se tornaram modismos.
Mas há um
problema ainda maior: a corrupção comportamental das pessoas, indistintamente
e, por consequência, dos sujeitos individualmente e das famílias. Ainda na
adolescência e a menina ou o menino já coloca os pés pelas mãos, e com a
aquiescência dos pais. Quando adulto, então se acha no direito de não ouvir
mais ninguém. E daí pessoas que verdadeiramente não deram certo na vida.
Sem as
virtudes básicas, sem os valores éticos, morais e humanistas, ao atual conjunto
de seres em convívio outra denominação não se terá senão a de caos social. Como
se sabe, por definição caos é um estado de absoluta confusão, de desordem
extrema e irremediável. Por outras palavras, um estágio social onde a
indiferença aos valores garantirá o seu próprio fim.
Ora, no estágio
em que a sociedade está não é difícil avistar o seu fim. Nada se perpetua no
pecado, na extrema violência, na balbúrdia, na imoralidade, nas transgressões
de todos os tipos. Tudo se inflama de tal modo que não se sustenta mais. Não há
elasticidade que suporte o constante sopro dos desregramentos e da indecência.
Significa
dizer que a sociedade, no rumo vicioso que vai, chegará ao ápice da
transgressão. Tudo se afeiçoa a um vulcão que se imagina adormecido quando se
contorce por dentro para depois explodir com mil línguas de fogo. Tudo parecerá
com a bomba que explode pela fusão de seus elementos.
Assim a
sociedade, num caminho sem volta. O que é o moderno, o novo, o modismo, senão os
elementos básicos da destruição da sociedade? Nada surge para valorizar ou unir
a família, nada aparece para reafirmar o amor como necessidade, nada chega para
alimentar o humanismo nos corações, nada vem que seja realmente proveitoso à
vida.
Os
modismos são os enxofres e as labaredas que se acumulam. Numa sociedade onde a
moda é ficar, curtir, esnobar, tirar sarro, logo se avista a imoralidade
contextualizando as relações. Numa sociedade onde pais modernos deixam que
filhos transformem suas casas em motéis, logo se percebe a total depreciação do
respeito e da moralidade.
Verdade
que com o passar dos anos as transformações se tornam inevitáveis. Contudo, tem
acontecido que somente para o pior. Apenas as ciências tomam para si a
responsabilidade por grandes conquistas, pois no restante o homem chama para si
o dever de transformar para o que de pior possa existir. Até a fé, em algumas
situações, foi transformada em espada de sangue.
Como pode
se sustentar uma sociedade onde a imoralidade, a ilegalidade e os vícios, se
tornaram ações corriqueiras na vida da maioria das pessoas? Nada pode sustentar
uma sociedade onde a violência é desenfreada, se mata por qualquer motivo ou até
sem nenhuma motivação, e absolutamente ninguém pode virar uma esquina sem
correr perigo.
Nenhuma
sociedade suporta ter seus valores violados ou transgredidos a todo instante.
Clama-se em defesa dos bens da natureza, mas pactua com o consumo desenfreado
dos bens dela advindos. Defende a instituição familiar, porém sequer quer saber
como vai o pai ou a mãe, como está o parente enfermo, como está sobrevivendo
aquele irmão em difícil situação. Uma gente cuja racionalidade sempre se volta
a interesses próprios.
E são os interesses
egoísticos - quase sempre envoltos em espertezas - que mais maculam a
sociedade. São tais interesses que levam à corrupção, à improbidade, à
imoralidade pessoal e administrativa. No intuito de tirar proveito em tudo,
ainda que a ação não passe de ilegal subtração, é que grande parte do contexto
social vai se amoldando a um banditismo dissimulado.
Tudo está
aí para ser confirmado. Não há um exercício de imaginação, mas de realidade. Observa-se
não pela ótica moralista ou conservadorista, pela lente do puritanismo ou do
tradicionalismo, mas pela visão dos fatos. E é esta a sociedade atual, um lugar
desde muito definido por Dante.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
Um comentário:
Estou a tentar visitar todos os amigos da verdade em poesia afim de lhes desejar um 2016 muito feliz cheio de grandes vitórias e muita saúde e Paz.
António.
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