SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Palavra Solta: o silêncio nos casebres tristes


Rangel Alves da Costa*


Pelas estradas por onde passo, nos caminhos sertanejos, avisto a vida e a beleza, mas também a desolação e a tristeza. Já nos quadrantes sertanejos, lá onde o sol é mais quente, a terra é mais seca, o gado é mais magro e tudo é mais desalentador, a paisagem acaba se transformando em visão dolorosa. Nas beiradas das estradas ou mais adiante, em meio a veredas ou chão esturricado, o que se avista são casebres silenciosos e tristes. Parece um mundo sem ninguém, perdido, esquecido, abandonado, desabitado. As casas estão sempre com portas e janelas fechadas, as porteiras e cancelas sempre ao desvão do tempo. As cadeiras balançando sozinhas, os tufos de galhos secos sendo levados pela ventania, a poeira fazendo festa pelos arredores. Ninguém aparece na porta, na janela, na malhada, no quintal, nas distâncias. Cães e gatos parecem inexistentes, nenhum sinal de vida ou de morte. Também não há palavra ao longe, cheiro de café torrado ou de cuscuz no fogão, não há nada que possa afirmar ali ser uma moradia. Mas é. Quando anoitece o candeeiro é aceso ou lâmpada começa a iluminar. Então pelas frestas se avista um sinal de vida. Mas que vida será esta mesmo?


Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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