Rangel Alves da Costa*
Pelas estradas por onde passo, nos caminhos
sertanejos, avisto a vida e a beleza, mas também a desolação e a tristeza. Já
nos quadrantes sertanejos, lá onde o sol é mais quente, a terra é mais seca, o
gado é mais magro e tudo é mais desalentador, a paisagem acaba se transformando
em visão dolorosa. Nas beiradas das estradas ou mais adiante, em meio a veredas
ou chão esturricado, o que se avista são casebres silenciosos e tristes. Parece
um mundo sem ninguém, perdido, esquecido, abandonado, desabitado. As casas
estão sempre com portas e janelas fechadas, as porteiras e cancelas sempre ao
desvão do tempo. As cadeiras balançando sozinhas, os tufos de galhos secos
sendo levados pela ventania, a poeira fazendo festa pelos arredores. Ninguém
aparece na porta, na janela, na malhada, no quintal, nas distâncias. Cães e
gatos parecem inexistentes, nenhum sinal de vida ou de morte. Também não há
palavra ao longe, cheiro de café torrado ou de cuscuz no fogão, não há nada que
possa afirmar ali ser uma moradia. Mas é. Quando anoitece o candeeiro é aceso
ou lâmpada começa a iluminar. Então pelas frestas se avista um sinal de vida.
Mas que vida será esta mesmo?
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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