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A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Palavra Solta: a reza do caçador


Rangel Alves da Costa*


Não é conversa de caçador não. Aconteceu de verdade. Nos tempos passados, quando ainda havia mata no sertão e pé de pau para o bicho e o passarinho, a sobrevivência do homem era ajudada pela caça. Havia tatu, teiú, tamanduá, preá, rolinha fogo-pagô, veado, perdiz, codorna, dentre tantos outros bichos que corriam de canto a outro ou se escondiam nas locas das pedras. Era um tempo de bons caçadores, de velhos sertanejos que passavam dois a três dias, ou mais, no meio da caatinga armando tocaia para matar assegurar a caça do dia a dia. Levando sempre um cachorro perdigueiro, mestre na caça e na correria atrás do bicho afoito ou depois que o animal era acertado e caía distante, o caçador não precisava mais que uma espingarda no seu ofício. Sendo bom de pontaria, então a caçada era sempre proveitosa. Mas quando os animais se enfezavam, se tornavam difíceis de serem alcançados, então havia o recurso da reza. Poucos eram os que sabiam a reza certa para paralisar o animal. Mas a verdade é que quando avistava o bicho lá em cima do pé de pau, o caçador fechava os olhos e murmurava sua reza misteriosa. Os dizeres de encantamento eram tão fortes que o animal permanecia como que petrificado, paralisado. Então era só apontar a espingarda e apertar o gatilho.


Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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