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quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Palavra Solta: a menina triste


Rangel Alves da Costa*


Havia uma menina que era triste, mas tão triste mesmo, que até os seres da natureza se atormentavam com tamanha tristeza. Depois de observá-la tristonha à janela, uma borboleta logo resolveu chamar outras borboletas - e cada uma mais bonita, colorida e enfeitada que a outra - para tentar levar algum brilho de alegria e felicidade àquele olhar. Mas nada de a tristeza desaparecer. O vento, ao passar e sentir tanta tristeza naquela feiçãozinha juvenil, então resolveu dar meia volta e retornar como uma leve e cativante canção. Mas nada de conseguir qualquer feição de contentamento. Com o beija-flor aconteceu a mesma coisa. Veio devagarzinho e parou bem diante daquele olhar tristonho. Parou e ficou fazendo festa, até se aproximando para beijar os cabelos. Mas nada de ela esboçar ao menos um sorriso. Até que uma folha ao vento, antes de seguir adiante em despedida, olhou para o lado, bem diante da janela onde estava a menina triste, e disse: Não adianta. Eis aí a tristeza existente em todo mundo. Em momentos assim nem a própria tristonha pode forçar o retorno da alegria.


Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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