Rangel Alves da Costa*
Havia uma menina que
era triste, mas tão triste mesmo, que até os seres da natureza se atormentavam
com tamanha tristeza. Depois de observá-la tristonha à janela, uma borboleta
logo resolveu chamar outras borboletas - e cada uma mais bonita, colorida e
enfeitada que a outra - para tentar levar algum brilho de alegria e felicidade
àquele olhar. Mas nada de a tristeza desaparecer. O vento, ao passar e sentir
tanta tristeza naquela feiçãozinha juvenil, então resolveu dar meia volta e
retornar como uma leve e cativante canção. Mas nada de conseguir qualquer
feição de contentamento. Com o beija-flor aconteceu a mesma coisa. Veio devagarzinho
e parou bem diante daquele olhar tristonho. Parou e ficou fazendo festa, até se
aproximando para beijar os cabelos. Mas nada de ela esboçar ao menos um
sorriso. Até que uma folha ao vento, antes de seguir adiante em despedida,
olhou para o lado, bem diante da janela onde estava a menina triste, e disse:
Não adianta. Eis aí a tristeza existente em todo mundo. Em momentos assim nem a
própria tristonha pode forçar o retorno da alegria.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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