Rangel Alves da Costa*
Magrelo e barrigudinho, assim é avistado o
menino no casebre de barro, cipó e ripa. Com cinco ou seis anos, pois a
compleição física sempre deixa uma idade indefinida, o menino não leva outra
vida senão cavoucar as paredes de barro para encher a boca. E mastiga, e come,
e engole. Desde criancinha acostumou-se com a falta de papa ou mingau, leite ou
qualquer comida, e foi buscar no barro da parede o único alimento existente.
Mesmo quando havia uma papa d’água ou mistura de leite ralo com fubá, ainda
assim ele não deixava de lado seu costume, talvez como sobremesa. Foi crescendo
e continuando com o mesmo costume, mas em menor apetite, vez que seus pais
sempre gritando que não fizesse mais aquilo. Contudo, tarde demais no combate
às doenças, às verminoses, às lombrigas. O barro em si já é um repositório
terrível de enfermidades, e quando tornado lama ou molhado em urina, então tudo
desanda mesma. E por isso mesmo que o magrelinho é avistado com uma barriga
além da conta para o seu corpo. E talvez cresça assim, adoentado, amarelado,
não só pelo barro saboreado como pela falta de alimentos suficientes na idade principal
de crescimento.
Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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