*Rangel Alves da Costa
Nada mais frio do que a frieza do gelo. Nada
mais congelante que o sopro gelado do mais frio gelo. Antártidas, Sibérias,
freezers, geladeiras, congeladores, ventos gelados, seres humanos. Sim, para
citar a frieza mais fria, o sopro mais gelado, a nevasca mais devastadora: o
ser humano. Difícil perceber, pois sempre acobertado pelo manto da crença em
sua força acolhedora, mas logo desvendado quando a porta do seu coração é
aberta. Então, que gelo mais frio, que frieza mais aterradora! Quantos granizos
e pedras de gelo desabando de sua boca, de suas mãos, perante seus atos e
atitudes! E os demais, que nos seus cotidianos desejam apenas o calor da
existência, acabam se tornando vítimas desses sopros congelantes e arrepiantes.
E de repente um mundo inteiro sendo soprado pelas nevascas das
insensibilidades, das incoerências e das irracionalidades. E mesmo no fogo,
mesmo debaixo do sol, mesmo ante as caldeiras do dia a dia, a frieza do gelo, o
gelo humano mais frio que possa existir.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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