SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Palavra Solta - mordaça na língua


*Rangel Alves da Costa


Se uma pessoa diz que o copo de “vrido” quebrou, eu sei muito bem o que ela quis dizer. Se alguém diz que a “cuié” de pau está logo ali, eu sei muito bem o que quis dizer. Se eu ouço e entendo a palavra, o linguajar e a expressão do outro, logicamente que o ato de comunicação alcançou seu objetivo e não há motivo algum para criticar aquele modo de falar. Português é uma língua difícil, complicada, cheia de nuances que fazem confrontar a própria Filologia e seus filólogos. Não será por que a pessoa chamou “adevogado” ao invés de advogado, “estambo” ao invés de estômago, “pecuária” ao invés de precária, “bribia” ao invés de bíblia, que terei o direito de alardear o seu erro. Eu mesmo falo errado e escrevo errado. Absolutamente ninguém é perfeito no trato da língua. Jamais poderei exigir, amordaçando a língua, que pessoas empobrecidas, vivendo nas distâncias do mundo, cheguem com rebuscamentos e falem como se acadêmicas fossem. Respeito os outros e a língua dos outros. Se eu ouço ou leio e entendo o que quis dizer, então me dou por satisfeito com tal fala e tal escrita. Ademais, como diria Celso Pedro Luft, língua é liberdade.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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