*Rangel Alves da Costa
Se uma pessoa diz que o copo de “vrido”
quebrou, eu sei muito bem o que ela quis dizer. Se alguém diz que a “cuié” de
pau está logo ali, eu sei muito bem o que quis dizer. Se eu ouço e entendo a
palavra, o linguajar e a expressão do outro, logicamente que o ato de
comunicação alcançou seu objetivo e não há motivo algum para criticar aquele
modo de falar. Português é uma língua difícil, complicada, cheia de nuances que
fazem confrontar a própria Filologia e seus filólogos. Não será por que a
pessoa chamou “adevogado” ao invés de advogado, “estambo” ao invés de estômago,
“pecuária” ao invés de precária, “bribia” ao invés de bíblia, que terei o
direito de alardear o seu erro. Eu mesmo falo errado e escrevo errado.
Absolutamente ninguém é perfeito no trato da língua. Jamais poderei exigir,
amordaçando a língua, que pessoas empobrecidas, vivendo nas distâncias do
mundo, cheguem com rebuscamentos e falem como se acadêmicas fossem. Respeito os
outros e a língua dos outros. Se eu ouço ou leio e entendo o que quis dizer,
então me dou por satisfeito com tal fala e tal escrita. Ademais, como diria
Celso Pedro Luft, língua é liberdade.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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