SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

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quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Palavra Solta - parece mentira


*Rangel Alves da Costa


Parece mentira. Contando ninguém acredita. Parece mentira, mas não é não. Já se vão mais de cem anos que caço, cato e futuco, uma vestimenta de vaqueiro para colocar no Memorial Alcino Alves Costa e não encontro. Ninguém doa, ninguém empresta, ninguém vende. Será que em Poço Redondo nunca existiu vaqueiro, nunca existiu gibão, nunca existiu peitoral, nunca existiu perneira, nunca existiu esporas? Mas não é só isso não. Já desde mais de duzentos anos que estou com dois manequins, um masculino e um feminino, prontos pra vestir de cangaceiros. Serginho Rodrigues já doou a roupa do cangaceiro, mas falta a da cangaceira, bem como os chapéus estrelados, os embornais, as alpercatas, as cartucheiras, os cantis, os adornos e tudo o mais. Se eu fosse todo dia atrás de quem já prometeu, certamente ia endoidar. E já faz mais de trezentos anos que tento firmar algum tipo de parceria ou convênio que ajude nas despesas de manutenção e de funcionamento, mas não tem jeito. Seria a forma de o Memorial abrir as portas todos os dias, ampliar seu acervo e proporcionar melhor atendimento à população. Mas tem nada não. Sonhei mil anos em abrir as portas do Memorial. E nem quinhentos anos de falta de apoio ou colaboração irão me impedir de manter viva, ali na casa da esquina, a memória de Alcino, de Dona Peta, de Poço Redondo, do Sertão. A minha memória.




Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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