SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Palavra Solta - palavras


*Rangel Alves da Costa


PALAVRAS - Mesmo sendo um simples vaga-lume, ainda assim tenho luz própria. O poder nunca me jogou holofotes para que eu apareça. Quando abro a porta, caminho com meus próprios passos, não preciso nem aceito ser guiado nem forçado a ir. Toda vez que olharem para mim, sempre enxergarão apenas o que eu já era, nenhuma outra feição forjada apenas no momento. A palavra que tinha antes eu mantenho agora. O abraço que eu dava antes continuou abraçando cada vez mais forte. Vi caravanas passando e cachorros latindo. Vi fortalezas se transformarem em ruínas. Vi quem estava embaixo ser levado ao alto sem precisar de escadas para subir. Vi a beleza do vaga-lume - que sou - continuar brilhando quando acaba o gás das poderosas lamparinas. Meninos, eu vi! Vaidade das vaidades, eis que tudo vaidade! Não há sabor melhor que comer na cuia se o alimento veio do sacrifício. Um velho poeta me disse e eu ainda guardo como lição: Pensam que são revoadas, mas são frágeis passarinhos, e passarão! Enquanto isso ame a sua lua e o seu sol, a sua porta aberta e o amanhecer de cada dia. Eles não sabem o que é isso. O sublime e o singelo não são avistados por todos. É preciso ter coração. Ou como disse aquele Pequeno Príncipe: O essencial é invisível aos olhos, e só se pode ver com o coração!


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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