*Rangel Alves da Costa
PALAVRAS - Mesmo sendo um simples vaga-lume,
ainda assim tenho luz própria. O poder nunca me jogou holofotes para que eu
apareça. Quando abro a porta, caminho com meus próprios passos, não preciso nem
aceito ser guiado nem forçado a ir. Toda vez que olharem para mim, sempre
enxergarão apenas o que eu já era, nenhuma outra feição forjada apenas no
momento. A palavra que tinha antes eu mantenho agora. O abraço que eu dava
antes continuou abraçando cada vez mais forte. Vi caravanas passando e
cachorros latindo. Vi fortalezas se transformarem em ruínas. Vi quem estava
embaixo ser levado ao alto sem precisar de escadas para subir. Vi a beleza do
vaga-lume - que sou - continuar brilhando quando acaba o gás das poderosas
lamparinas. Meninos, eu vi! Vaidade das vaidades, eis que tudo vaidade! Não há
sabor melhor que comer na cuia se o alimento veio do sacrifício. Um velho poeta
me disse e eu ainda guardo como lição: Pensam que são revoadas, mas são frágeis
passarinhos, e passarão! Enquanto isso ame a sua lua e o seu sol, a sua porta
aberta e o amanhecer de cada dia. Eles não sabem o que é isso. O sublime e o
singelo não são avistados por todos. É preciso ter coração. Ou como disse
aquele Pequeno Príncipe: O essencial é invisível aos olhos, e só se pode ver
com o coração!
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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