*Rangel Alves da Costa
Sempre ao entardecer, as revoadas. Dez
pássaros, cem pássaros, mil pássaros na revoada. Do umbral da janela, logo
avisto a nuvem apressada de passarinhos. Saio de casa e vejo a nuvem sumindo ao
longe. Sempre fico imaginando a direção e o destino daqueles pássaros. Não se
voltam, talvez não voltem, pois seguem viagens longas, distantes, de muitos
dias. Mas então indago: por que uma nova revoada no dia seguinte? Sei que não
há tantos pássaros assim para que todos os dias uma nuvem deles vá sumindo nos
horizontes. Sei que não retornam a tempo de retornar no dia seguinte. Mas
sempre há uma revoada ao entardecer do dia seguinte. E de repente me vejo em
suposições absurdas. Digo a mim mesmo que nada daquilo existe em tal
constância. Não vejo uma revoada passar todos os dias. Mas minha vontade de
voar, minha ânsia de liberdade, permite avistar aquele bando avoante todos os
dias e até ter vontade de também ser passarinho. De seguir, de seguir, de
seguir...
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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