Sobre noites e manhãs
Deitei na minha rede de toda noite
e então fiquei pensando e pensando
tirei um punhal abrasado do meu peito
apaguei um velho caderno de saudades
uma lágrima quis insistir em aparecer
e deixei que ela molhasse todo o travesseiro
lavei nas pedras da noite toda a dor sentida
e toda mágoa e angústia ainda aguardadas
quando meu último soluço silenciou
já não havia gatos miando o breu da escuridão
ainda assim me levantei e peguei o caderno
para tentar uma poesia talvez de renascimento
e então escrevi que havia um menino
que perdeu seu bola e foi brincar com a lua
e nunca mais se iludiu com as coisas terrenas
nem com bolas que somem nem pessoas vazias
e depois disso quis também todo o céu estrelado
pois sabia que o seu lugar era além do reles chão.
Rangel Alves da Costa
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