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terça-feira, 15 de agosto de 2017

Sobre noites e manhãs (Poesia)


Sobre noites e manhãs


Deitei na minha rede de toda noite
e então fiquei pensando e pensando

tirei um punhal abrasado do meu peito
apaguei um velho caderno de saudades

uma lágrima quis insistir em aparecer
e deixei que ela molhasse todo o travesseiro

lavei nas pedras da noite toda a dor sentida
e toda mágoa e angústia ainda aguardadas

quando meu último soluço silenciou
já não havia gatos miando o breu da escuridão

ainda assim me levantei e peguei o caderno
para tentar uma poesia talvez de renascimento

e então escrevi que havia um menino
que perdeu seu bola e foi brincar com a lua

e nunca mais se iludiu com as coisas terrenas
nem com bolas que somem nem pessoas vazias

e depois disso quis também todo o céu estrelado
pois sabia que o seu lugar era além do reles chão.


Rangel Alves da Costa

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