*Rangel Alves da Costa
Tudo bem que as ciências, as disciplinas e os
métodos investigativos, inventem seus conceitos. Contudo, torna-se insuportável
que os conceitos criados sejam somente para complicar. No academicismo já se
tem uma leva de esnobismos desnecessários, de tecnicismos renomeados no simples
intuito de dizer de outra forma aquilo que bem poderia ser dito de modo muito
mais compreensível. E agora vem a filosofia querendo complicar ainda mais. Veja
se o termo “pós-verdade” tem algum cabimento? O que é pós-verdade senão uma
retórica para explicar o intelecto reprimido de alguém metido a filósofo? Ora,
se a sociedade prefere os boatos aos fatos, isto não é pós-verdade, mas
meias-verdades. Se é pós-verdade também não é boato, mas a digestão e até
ampliação da verdade, nos contornos repassados por cada um. Também não é
aprimoramento da mentira, pois boato nascido de uma verdade. Em síntese, apenas
a criação de um termo que pode dar lugar a mil - e nenhuma - divagação. Aliás,
a filosofia se presta a isso, a querer abarcar tudo e a não explicar nada. O
filósofo jamais diz que a pedra é dura nem que o negro é negro ou o branco é
branco, mas fica dando rodeios e nada diz.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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