*Rangel Alves da Costa
Diz a cantoria nordestina, na voz do mestre
Jackson do Pandeiro, que se a ema geme no tronco do juremá será sinal que o
amor irá se acabar. Diz: “A ema gemeu no tronco do juremá, foi um sinal bem
triste morena, fiquei a imaginar, será que é o nosso amor morena que vai se
acabar?...”. Eis o Canto da Ema trazendo medo, angústia e aflição. Contudo, bom
saber que ao lado da ema há um pássaro cantarolando as alegrias da vida, do
amor, da esperança. A ema até que pode amedrontar os corações frágeis, os
amores poucos, os quereres mínimos, mas não consegue vencer o canto maior que
brota no amor verdadeiro. Este, o amor verdadeiro, canta pela voz dos pássaros,
pela voz dos anjos, pela voz da brisa, pela voz da paz. Este, o amor
verdadeiro, não se assusta nem teme, não tem mau presságio nem acredita em ser
vencido pelo mal que a tudo ronda. Ora, é amor, é verdadeiro. E canta pela voz dos
pássaros, pela voz dos anjos, pela voz da brisa, pela voz da paz. Quero sempre
ouvir uma canção assim. E ainda que a ema cante, e sempre um cantar feio e
torto, jamais ecoará mais plangente e melodioso que a voz brotada de corações
que alegram pássaros, sóis e girassóis. Uma canção assim tão nossa, pois a
nossa voz é de somente amor. Uma canção cantada pela voz dos pássaros, pela voz
dos anjos, pela voz da brisa, pela voz da paz!
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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