*Rangel Alves da Costa
Sinhá Bastiana já não suportava mais de
curiosidade. Velha acostumada a ter mais ouvidos para o alheio do que tudo na
vida, que outra coisa não fazia senão estar bisbilhotando a vida dos outros,
tudo sobre a vida do povo ela sabia. Só não sabia de uma coisa, e isso lhe
deixava em tempo de endoidar. Enfim, encorajou, chegou para uma mocinha sua
vizinha e foi logo perguntando: “Minha fia o que é esse tar de fuque-fuque que
a rapaziada tanto fala?”. A jovem enrubesceu, quase dá um chilique na hora, e
acabou não respondendo, dizendo simplesmente que não sabia. A velha não se deu
por satisfeito e na saída foi logo indagando ao primeiro rapazinho que
encontrou: “Meu fio, o que é esse tar de fuque-fuque que vosmicê tanto fala?”.
O rapazinho, “prafrentex”, como se dizia por lá, logo deu uma gaitada de se
acabar, mas depois respondeu: “Minha véia fofoqueira, cuidadora da vida alheia,
vou lhe dizer agora o que é o tal do fuque-fuque, mas cuidado pra não cair.
Fuque-fuque é o bem-bom, é o bombom na bombonzinha, é tcheco-tcheco e
tchaca-tchaca, é o que a senhora fazia atrás do muro da igreja”. A velha quase
desaba, não pela explicação, mas pela revelação. Aquele negócio de atrás do
muro da igreja arrepiou de cima a baixo. Por fim, tomando fôlego, ela falou:
“Como era bom esse tar de fuque-fuque. Padre Miguelinho que diga. Eita batina
safada...”.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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