*Rangel Alves da Costa
Agora é noite. Chove lá fora. Uma chuva
fininha, mas persistente. As ruas estão nuas, vazias, silenciosas. Olho adiante
e avisto o asfalto molhado e tingido pelo reflexo da luz do poste. Pouco há o
que fazer numa noite assim. Então coloco na vitrola uma música antiga e retorno
ao portão. A chuva parece aumentar, um friozinho surge para atormentar. Frio de
solidão, de falta de outros braços e abraços. E não há jeito. A música começa a
despertar uma saudade angustiante. Na noite, na noite chuvosa, na solidão, e
com a música chega a face, o olhar, os lábios, a boca, os cabelos, a pele, a
carícia, o beijo, tudo. Vontade, desejo, quase uma necessidade de tê-la comigo,
poder abraçá-la, senti-la juntinho a mim. E repetir e repetir que amo, que amo,
que amo. Mas vale a pena sofrer assim apenas por causa de música, da chuva que
cai lá fora, de instantes de solidão, ou será que o amor se justifica pelo
simples desejo de amar? Não sei, não sei. Apenas sei que estou com saudade e
que a saudade não mente. E não há outra verdade senão que te amo.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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