*Rangel Alves da Costa
Tem cada mania que mais parece coisa de
doido. E acontece com todo mundo. Conversar sozinho é uma das mais costumeiras.
Até acho melhor falar sozinho, para o vento e o além, do que estar conversando
com certas pessoas maldosas ou fofoqueiras. Eu tinha uma tia que mijava em pé,
com vestido e tudo. A urina chegava a escorrer pela perna e depois lá ia ela se
banhar. Já o meu avô paterno ficava de cócoras em todo lugar que chegasse.
Aliás, não raro que se punha de cócoras por cima de cadeiras ou bancos. Uma velha
conhecida minha tinha a triste mania de chorar pelo nada. Chorava se ouvia o
sino da igreja, se o leiteiro gritasse à porta, se a chuva começasse a cair. Se
alguém chegasse perto dela e perguntasse se já ia chorar, então é que a pobre
se danava em prantear. Outro conhecido declamava versos em cima de uma pedra e
em direção à lua, mas este era doido mesmo. Minha vó materna, já velhinha, não
podia encontrar cacareco pela rua que levava pra casa, numa junção de velharias
que não acabava mais. Já outra conhecida, mulher casada e dada ao respeito,
tinha a mania de namorar. E só queria menino novo, rapazote. E a mania mais
feia era todo diz dizer que o marido lhe estava botando ponta. Coitado do
homem, e que mania de cornice.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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