*Rangel Alves da
Costa
Urge, de
antemão, indagar: Nos dias atuais, o que significa mesmo sexo oposto? Como será
observado mais adiante, tal questionamento ganha cada vez mais pertinência,
principalmente considerando as diversas opções sexuais que procuram, ainda que
forçosa e descabidamente, reconhecer-se não pelo sexo de nascimento, mas como
desejam ser distinguidas socialmente. Descabidamente porque, numa situação
normal, não há como mudar o sexo, mas tão somente a opção sexual.
Ora, é da
normalidade humana nascer com um sexo definido: homem ou mulher. Somente em
casos específicos surgem situações como o hermafroditismo (nascer com órgãos masculino
e feminino). Fala-se ainda em intersexualidade, heterogenia, androgenia, etc.,
no sentido de apontar a dificuldade de identificação de um indivíduo como
totalmente feminino ou masculino. Contudo, a generalidade é que o sexo humano
ou seja feminino ou masculino. Homem ou mulher.
Quando
exsurge a questão da homossexualidade e seus congêneres, então as situações
começam a se complicar na exata definição do sexo. Não por motivos biológicos
ou genéticos, pois mesmo assumindo-se com de outro sexo, ou do sexo oposto, não
deixa de ser do sexo originário, ou seja, não muda de sexo pela opção sexual assumida,
continuando homem ou mulher. Somente quando há procedimento cirúrgico de
mudança de sexo é que a situação se inverte. Mas outros fatores se tornam de
grande relevância.
Então,
novamente a indagação: Nos dias atuais, o que significa mesmo sexo oposto? A
resposta lógica seria dizer que sexo oposto é aquele que está oposto,
antagônico, ao outro. E oposto no sentido de ser diferente, ao contrário, de
outra forma. Então, o oposto do sexo masculino é o feminino, e do feminino o
masculino. Ou ainda dizer da heterossexualidade como elemento definidor do que
seja sexo oposto, pois a atração havida é, ao menos presumidamente, por pessoa
do sexo diferente.
No
contexto atual, onde a liberação sexual e os novos valores comportamentais
permitiram o avanço das experiências de corpo e de prazer, da propagação de
comportamentos sexuais mais explícitos e da “assumição” de papéis como a
homossexualidade, a bissexualidade, o lesbianismo, o travestismo, dentre outros
termos e orientações, passou-se a ter um emaranhado de situações aonde o sexo
de nascimento vai se opondo a si mesmo pelas práticas e opções assumidas.
Um exemplo
claro dessa nova configuração de corpo e de opção sexual está na chamada transgeneridade.
O transgênero, mesmo não sendo necessariamente homossexual ou lésbica, não se
identifica com o sexo de nascimento, com a sua condição genética de homem ou
mulher. O sexo continua o mesmo, mas sua mente não, pois sente que está no
corpo errado. Ante tal inconformismo, passa a assumir exatamente o papel
oposto. Daí, por exemplo, a pessoa passar a se vestir como se fosse do outro
sexo.
E o
homossexual ou a lésbica, ao se relacionar com outra pessoa, não estará
mantendo um relacionamento com pessoa do mesmo sexo ou do sexo oposto?
Considerando que o relacionamento se dá pelo papel assumido, então se terá, por
exemplo, um homem no papel de mulher, ou do homem com outro homem? E o
bissexual, em condições diferentes de relacionamentos, se opõe duas vezes a si
mesmo? Não é fácil obter respostas seguras, precisas.
Como
observado, perante as novas configurações sexuais, cada vez mais o sexo de
nascimento vai sendo esvaziado pelos desejos e opções de tantos. De repente se
ouve que se pudesse escolher não havia nascido com o atual sexo de mera
identificação civil. Não raro alguns sequer se aceitam na condição de
nascimento. E também não raros os distúrbios e transtornos mentais causados
pela não aceitação de sua condição feminina ou masculina. Muitos suicídios já
ocorreram por tais motivações.
Diante de
tais situações, inegável o surgimento de muitos outros questionamentos. E assim
porque o chamado sexo oposto não pode ser mais considerado em relação ao outro,
pelo masculino ou feminino, mas à própria pessoa que passa a se opor ao seu
próprio sexo. Por consequência, o homossexual e a lésbica acabam sendo o sexo
oposto de seus próprios sexos. Aquela que nasce mulher, por exemplo, e assume
um papel sexual de homem, não só se opõe ao seu sexo originário como igualmente
se opõe ao papel assumido. Ora, continua mulher.
Depreende-se,
então, que nos dias atuais soa como mero formalismo que a pessoa seja
identificada pelo sexo. O masculino ou feminino contido no documento de
identificação nenhuma valia terá se a pessoa assim desejar. Tudo é uma questão
de opção sexual, de ser realmente homem, de ser realmente mulher, ou ser a sua
própria oposição. Ou mesmo de mentalidade normativa: o homem em si mesmo e a mulher
em si mesma, na conduta e na procriação.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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