*Rangel Alves da Costa
Tristezas são terríveis aflições no espírito,
na alma, por todo o ser. Atormenta, extenua, remói, faz padecer, faz agonizar.
Nada trás alegria, nada trás contentamento, nada provoca um sorriso de paz. Dói
por dentro, dói por fora, dói por todo lugar. Tudo como se a força da vida
saísse da pessoa e em seu lugar somente a melancolia, o luto, o pranto, o
sofrimento infindo. São geralmente reconhecíveis pelo olhar da pessoa triste,
pela feição, pelo retraimento. Eleva-se um muro, abre-se um fosso, tudo isso
assim sem alcance ou possibilidade. Contudo, tristezas existem que são mais
entristecidamente tristes que outras. E estas são ainda mais terrificantes por
que silenciosas demais, escondidas que ficam bem lá no íntimo mais íntimo da
pessoa, bem lá nos incompreendidos do âmago. Assim por que são conhecidas
demais as tristezas pela perda de um ente amado, pelo adeus indesejado de um
amor, pelo insucesso diante determinadas situações. Mas as outras, aquelas
tristezas bem tristes, revelam-se sempre no inesperado. O menino Zezé
entristeceu assim – de angústia rasgando-lhe por dentro – quando cortaram o seu
pé de laranja lima. Perante a vaquinha faminta e sedenta, na magreza do couro e
osso, quanto sofrimento remoendo o sertanejo. Uma traição de alguém que se
gosta é como sangue jorrando em punhal. Quanto a mim, a minha tristeza mais
triste sempre chega com o entardecer e vai se fazendo noturna. As sombras
enluaradas trazem nostalgias e aflições. E tenho saudade de tudo. De tudo. De
tudo mesmo. Do que amei e daquilo que não mais amei por não saber que amava.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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