*Rangel Alves da Costa
Quem ainda
tem a felicidade de dormir em quarto com telhado, certamente tem o prazer de
ter o mar no telhado. Eu mesmo tenho um mar no telhado. Toda vez que deito e
fico pensando, fantasiando, relembrando, buscando na memória a recordação, é no
porto telhado que encontro um mar adiante. E entre lembranças e nostalgias,
entre retratos mentais e cartas relidas, vou singrando aquele mar imenso em
busca de um cais de paz. Nunca chego, nunca aporto, pois o meu mar é grande
demais para ser conquistado. E também por que minhas tristezas e aflições são
intensas demais para serem reveladas em terra firme. O olhar voltado ao
telhado, tantas vezes molhados da cor do mar, e a viagem incerta entre desvãos
e desvalias, perpassando tormentas e tempestades, em busca do sonho da
calmaria. Mas esta nunca vem. Não sei por que é tão distante e inacessível o
porto da paz, do amor, da felicidade.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário