*Rangel Alves da Costa
Por todo o sertão sergipano, a secura e a
sequidão. Desde muito que não se vislumbra qualquer verdejar na mataria. Desde
muito que o fundo do tanque deixou de ser lama para virar barro. Desde muito
que o bicho não encontra qualquer folhagem ou capim para matar sua fome. Desde
muito que não há nuvem no céu nem esperança de chuvarada. Já são mais de quatro
anos de seca terrível, impiedosa, aflitiva demais ao pobre homem do campo. Nem
mesmo as cactáceas tão acostumadas com a sequidão estão suportando tanta
desvalia da estiagem. O mandacaru secou, o xiquexique esturricou, a palma
afinou de dobrar. Pelas estradas e arredores apenas a visão tenebrosa de um
mundo cinzento e destroçado pela morte das plantas. Espinhos pontudos parecem
mais emagrecidos, as pedras mais entristecidas, a vida em plena e total
desilusão. Sem forças, o bicho não muge mais sua dor de fome e de sede. E o
homem, aquele cujo olhar nem lágrima possui mais para derramar, apenas entrega
sua valia a Deus. Mas enquanto a dádiva sagrada não chega, a morte vai rondando
porteira adiante, descampado afora. E de repente uma cruz ossada encontrada
onde havia vida.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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