*Rangel Alves da Costa
Dá uma
vontade danada de fazer, um desejo imenso de conhecer. Uma vontade imensa de
conhecer o mar, de subir no alto de uma montanha e de lá voar, de sair sem
destino e andar, andar, andar. Dá uma vontade danada de comer caviar, de abrir
a janela para o pássaro entrar, de conversar com os bichos e a pedra acariciar.
Uma vontade grande de encontrar sereia, de ser o vento que beija a ostra na
areia, de ser a canção dolente que no coração ponteia. Uma vontade danada de
soltar o laço e desfazer a correia, de dar liberdade ao que vive na peia, de
fazer dos grilhões a coisa mais feia. Uma vontade de morar no mundo, de estar
num lugar e noutro num segundo, de ser um andante e não um vagabundo. Dá
vontade sempre de limpar o imundo, de lançar o mal em abismo profundo, de
trazer à vida o bem mais fecundo. Uma vontade de comer araçá, de chupar sapoti
sem jamais me fartar, de ter a doçura na doçura que há. Vontade de beijar e
depois amar, de abraçar bem forte e acarinhar, de querer profundo e depois
gozar. Um desejo imenso de o olho piscar, de um presente dar e depois namorar.
Desejo que vem de ser apenas feliz, de ter o que sempre quis, de fazer a boca
dizer o que ela não diz.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário