*Rangel Alves da Costa
Para o
carnaval, não quero carnaval. Para o carnaval quero o meu amor, quero o seu
abraço, quero o seu beijo. Para o carnaval, não quero carnaval. Para o carnaval
quero a vela acesa, quero o rosário, quero a iluminada face sagrada diante de
mim. Para o carnaval, não quero carnaval. Para o carnaval quero uma montanha,
quero um silêncio, quero uma solidão. Para o carnaval, não quero carnaval. Para
o carnaval quero um bom livro, quero uma boa história, quero uma realidade de
letras e sonhos. Para o carnaval, não quero carnaval. Para o carnaval quero uma
distância, quero uma casinha, quero uma rede, quero uma lua e um punhado de
sol. Para o carnaval, não quero carnaval. Para o carnaval quero a visita ao
singelo mundo, ao humilde homem, ao pacato lugar, ao umbral da janela e sua
moringa d’água e cocada de frade. Para o carnaval, não quero carnaval. Para o
carnaval quero um quarto, quero uma janela, quero uma porta, quero uma estrada,
quero um caminho. Para o carnaval, não quero carnaval. Para o carnaval que um
incenso, uma vela acesa, um salmo sem pressa, um evangelho de paz. Para o
carnaval, não quero carnaval. Para o carnaval quero a memória, quero o
pensamento, a reflexão, o reencontro do ser. Para o carnaval, não quero
carnaval. Para o carnaval quero adormecer, quero amanhecer, quero apenas viver.
Assim será meu carnaval. Não que tudo assim aconteça, mas que assim seja a
minha folia de espírito e alma.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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