*Rangel Alves da Costa
Uma vida,
apenas. Mora sozinho, vive distante de tudo, menos de seu mundo de encantamento.
Não quer saber da cidade, pois acha feia, esquisita, com gente que não se
entende. Não quer saber de estrada, pois diz que agora só é caminho pra moto e
pra carro, não mais pra carro-de-boi, jumento e cavalo. Gosta mesmo é de seu
mundo, um mundo de solidão e silêncio. É amigo do bicho do mato, da pedra, do
passarinho, do vento e da ventania. Conversa com o sol, conversa com a lua.
Come do que a terra dá e se enche de contentamento com o que encontra. Vive num
barraco sem porta ou janela, sem cama e luz elétrica. Nem candeeiro possui.
Estende sua rede debaixo do umbuzeiro e ali adormece feliz. Acorda com o canto
passarinho e faz uma prece ao Deus da natureza e da vida. Depois abraça a manhã
e começa o seu dia. Conhece tudo ao redor de seu mundo, desde os mistérios da
natureza aos segredos mais antigos. Senta ao redor da pedra e diz bom dia. E a
pedra responde: eu hei de me transformar em pó e você continua aqui de braços
abertos igual a mandacaru. Não há seca que lhe dobre, não há tempo ruim que lhe
quebre. Por isso mesmo que seu nome é sertão.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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