*Rangel Alves da Costa
Agora noite. Não há silêncio nem chuva. Mas
quem dera o silêncio e a chuva. Um silêncio já chegado ao entardecer com o
sopro de brisa. O silêncio já presente desde o zunido da folha que foi levada
pelo vento. O silêncio já silenciado em sua absoluta mudez desde que a boca não
quis mais se abrir a qualquer palavra. E em meio ao silêncio, no seu abraço
enlaçado, o murmurante som da chuva caindo. Um pinho, um toque, depois o som na
vidraça, os respingos no telhado, as canções noturnas se derramando pela rua.
Em momento assim, não quero nem xícara de café, cálice de vinho ou dose de
uísque. Nada quero além de ouvir a voz da chuva caindo. E, silenciosamente,
gritar minhas agonias, bradar minhas aflições, ecoar minhas solidões. Para
depois adormecer de olhos molhados pela enxurrada correndo lá dentro.
Tempestade que não se faz lá fora, mas que tudo encharca em mim.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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