*Rangel Alves da Costa
Varais,
ventos e voos. Assim também a vida. Viveres, sonhos e avoares. A roupa
ensaboada, a roupa batida, a roupa esfregada, a roupa molhada, a roupa
enxaguada, a roupa estendida. E o varal esperando para deitar nos braços as
vidas molhadas. E o vento chegado para afastar as lágrimas da gente estendida.
Uma viver de varais, de ventos, de voos. De repente, com o sopro do vento, os
braços se levantam, as pernas se estendem, tudo quer levantar, tudo quer voar.
E se sopra mais forte, a corda arrebenta, tudo se solta, vai subindo ao alto,
até a lonjura do mundo. Assim também com a vida, assim também no viver. Seres
humanos como roupas estendidas em varais, ressecando lágrimas, enxugando
suores, tentando afastar de si as mágoas, as angústias e as aflições. Para
depois novamente viver e novamente voltar ao varal, até o dia que o vento sopre
mais forte e tudo seja levada ao alto, aos céus, às distâncias dos adeuses e
despedidas.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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