*Rangel Alves da Costa
O povo possui extraordinária habilidade de
transformar faísca em fogaréu, fagulha em flama incendiária. Ao contrário,
poucos são aqueles que procuram debelar os focos ou as faíscas surgidas. O
desejo mesmo é ver o circo pegar fogo, a realidade calcinada, o mundo em chamas
ardentes. Assim na mentira, na conspiração, no boato passado de boca em boca.
Basta sentir quando perverso prazer há em transformar um fato corriqueiro ou
uma simples notícia em sensacionalismo desenfreado. Na maioria das vezes, a
pessoa sequer conhece realmente sobre o que se passa ou não tem juízo de
realidade suficiente para expressar qualquer opinião, mas se compraz em
espalhar ao seu modo: sempre aumentando ou dando feições desproporcionais ao
acontecido. Ocorre muito nas paixões políticas, nos fanatismos partidários e
nas esquerdopatias. Não importa a realidade, mas a defesa do indefensável. Não
importa a certeza do acontecido, mas a negação ou a transmudação do fato para
transformar réu em vítima, ou coisa parecida. Basta que o governo fale em nova
lei, ou mesmo modificação de lei existente, para que os críticos de plantão
comecem a opinar desfavoravelmente. Então logo criam termos como PEC da
maldade, PEC do fim do mundo, PEC da morte, etc. Contudo, sem nada conhecer,
sem o mínimo conhecimento da realidade. Significa dizer, pois, que há no povo
uma vontade imensa de contradizer a si mesmo, de mentir a si mesmo. Na sua
mente, importa apenas dizer, espalhar, consumir. Pouco importa a verdade.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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