SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



sábado, 18 de fevereiro de 2017

Palavra Solta – nunca mais senti tanta saudade


*Rangel Alves da Costa


Nunca mais senti tanta saudade. Uma nostalgia boa de coisas e pessoas, uma profunda relembrança de fatos e acontecimentos, uma doce e tristonha saudade de lugares e horizontes, de cotidianos e existências. Por isso mesmo que nunca mais senti tanta saudade do velho sentado no banco da praça e dando milho aos pombos, do menino brincando de ponta de vaca pelos arredores da fazenda antiga, da menina penteando sua boneca de pano e do moleque traquina querendo subir à lua no seu cavalo de pau. Nunca mais senti, como agora, tanta saudade de maçã do amor, de bandinhas fazendo retratas nos dominicais daquela cidadezinha, do circo encantado chegando e o carro anunciando a mulher barbada e o melhor palhaço do mundo. Nunca mais senti tanta saudade das amigas pelas calçadas em proseados ao entardecer, das velhas mãos fazendo renda de bilros, do velho senhor estirando a renda no alpendre para o descanso de todo anoitecer. Nunca mais senti tanta saudade da meninada em nudez tomando banho nas águas do riachinho, da chuva sertaneja caindo e a vida esvoaçando pelos lamaçais e biqueiras. Tudo na memória, na lembrança, na recordação. E tudo com tanta saudade.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com 

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