*Rangel Alves da Costa
Nunca mais senti tanta saudade. Uma nostalgia
boa de coisas e pessoas, uma profunda relembrança de fatos e acontecimentos,
uma doce e tristonha saudade de lugares e horizontes, de cotidianos e
existências. Por isso mesmo que nunca mais senti tanta saudade do velho sentado
no banco da praça e dando milho aos pombos, do menino brincando de ponta de
vaca pelos arredores da fazenda antiga, da menina penteando sua boneca de pano
e do moleque traquina querendo subir à lua no seu cavalo de pau. Nunca mais
senti, como agora, tanta saudade de maçã do amor, de bandinhas fazendo retratas
nos dominicais daquela cidadezinha, do circo encantado chegando e o carro
anunciando a mulher barbada e o melhor palhaço do mundo. Nunca mais senti tanta
saudade das amigas pelas calçadas em proseados ao entardecer, das velhas mãos
fazendo renda de bilros, do velho senhor estirando a renda no alpendre para o
descanso de todo anoitecer. Nunca mais senti tanta saudade da meninada em nudez
tomando banho nas águas do riachinho, da chuva sertaneja caindo e a vida
esvoaçando pelos lamaçais e biqueiras. Tudo na memória, na lembrança, na
recordação. E tudo com tanta saudade.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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