*Rangel Alves da Costa
Que ninguém leia os meus textos. Tudo bem.
Também não escrevo pra ninguém. Como apenas escrevo e sequer leio para
corrigir, talvez ninguém leia mesmo. Escrevo, assim, para não ser lido. Com
efeito, ninguém tem a obrigação de lançar um olhar sobre pieguices, maluquices,
até idiotices. Absolutamente ninguém está obrigado a ler e reler melancolias,
aflições, sofrimentos derramados em letras chorosas. Ora, o sentimentalismo de
minha escrita é derramada em lágrimas, em saudades, em tormentos da alma e do
coração. Ao invés de declamar o mundo real, vívido, pulsante, procuro flores,
jardins, colibris, borboletas, auroras, entardeceres, céus estrelados, noturnos
adocicados demais. Quem haveria de se sentir satisfeito em ler sobre manhãs,
horizontes, montanhas e orações? Absolutamente ninguém. Que procurem, então,
escritas válidas, que realmente atraíam olhares e sentimentos. Ou talvez
notícias de violências, de barbaridades e terrorismos. Muita gente gosta de ler
sobre corrupção, lamaçal, coisas putrefatas na política e nos poderes. Talvez
seja mais válido que a minha escrita. Escrevo pra ninguém, escrevo para não ser
lido. E também o mundo de hoje já não sabe ou quer ler goiabas caídas do pé ao
amanhecer.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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