*Rangel Alves da Costa
Sou
advogado também da área de família, lidando muito com questões sobre divórcio,
alimentos, visitas, etc., e sei muito bem quanto é traumático, até para o profissional,
mexer em vespeiros assim. A primeira observação que se faz é a antítese
amorosa. Tanto amor de um dia parece ter acabado de repente. E mais: tornam-se
verdadeiros inimigos, ferozes, vorazes, com um querendo destruir o outro a
qualquer custo. Tudo é esquecido. As juras de amor, as promessas perante o
altar, os compromissos de comunhão de vida. Até que a morte os separe que nada.
Até que venham os ciúmes, as traições, os arrependimentos, as discórdias.
Aquilo que era meu bem, logo se transforma em meus bens. Quero isso, tenho
direito àquilo. E até que quero deixar sem nada, no olho da rua, mendigando a
sorte. Os filhos, estes logo se tornam objeto de barganha. Só isso de pensão?
Mas de jeito nenhum. Quero também pensão pra mim. Se ele vai gastar com
rapariga também tenho direito. E diz: ele nunca prestou, sempre foi um
calhorda, um beberrão raparigueiro. E ele diz: se arrependimento matasse. E
assim vão se digladiando até a sentença. Nas audiências, cada um cuida de levar
espingarda e mosquetão no olhar. Só falta fulminar o outro ali mesmo. E aquele
mesmo que ontem era meu amor, meu benzinho, minha vida.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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