*Rangel Alves da Costa
Cadê o pássaro? Cadê a rolinha fogo-pagô,
cadê o sanhaço, cadê o azulão, cadê o coleirinho, cadê o sabiá, cadê o canário?
Ora, não existe mais. Não há mais passaredo, não há mais madrigal, não há mais revoada,
não há mais ninho sequer. Os pássaros sumiram, voaram para bem longe, seguiram
em retirada para outros horizontes. Como existir passarinho se não há mais
mata, não há mais copa de árvore, não há mais folhagem, não há mais lugar de
moradia, procriação e cantar? O homem espantou o pássaro, abanou para bem longe
aquele que alegrava as manhãs, aquele que voejava pelos arredores e até fazia
ninho na cumeeira da casa. Os pássaros não existem mais. Como existir pássaro
se ele não tem para onde voar e depois repousar? Como existir pássaro se ele já
não tinha mais onde fazer o seu ninho? Por isso esse silêncio e essa tristeza.
Horizontes entristecidos e manhãs silenciosas e tristes. E o homem, será que
está triste? Certamente que está. O problema é que ele nunca compreende as
consequências de seus atos. Tem saudade do pássaro, mas derruba o primeiro pé
de pau que encontrar.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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